Ainda que difícil, recompensador

João Mello –

Chegamos ao final do projeto. Tudo mudou. Da minha relação com São Paulo às minhas amizades, por causa do Móbile na Metrópole.

No início do ano, confesso que me desesperei um pouco a respeito daquilo que pensei que seria esse trabalho. “Um trabalho em grupo, com duração de um ano, com muita liberdade para trabalhar o tema, o que eu faço? Como vou lidar com esse negócio paralelamente à escola, que já exige tanto?” pensava eu em março, quando nos foi apresentado nosso tema [(in)tolerâncias].

Com o tempo, entretanto, fui entendendo e começando a gostar do tema, de trabalhar a arte e entendê-la dentro desse contexto urbano, conseguir interpretar um grafite como algo que, além de deixar a cidade com uma aparência diferente do cinza do concreto e aço, é uma manifestação artística, contestatória. Assim como o rap, que eu não conhecia e muitas vezes repudiava, mas que com o projeto me obriguei a pesquisar e compreender para o projeto.

Não direi que esse ano e o estudo do meio mudaram a minha vida; que saí da “bolha” em que vivia ou passei a ser atuante na cidade e andar de ônibus. Não. Isso não aconteceu. Apesar disso, conheci lugares na cidade em que vivo há 16 anos que não imaginava que existiam; e pessoas também, músicos, produtores, rappers, artistas, mesmo colegas com os quais não conversava, esses sim fizeram nosso trabalho valer a pena.

O Móbile na Metrópole não é, e não foi um projeto de fácil ou tranquilo entendimento ou execução, foi muito, muito trabalhoso chegar onde chegamos. Custou muito tempo, às vezes, horas de sono, para desenvolver nosso produto final. Além disso, a importância que se dá a esse trabalho é muito grande na escola, que não alivia no conteúdo e cobra demais da gente. Quem sabe fosse melhor colocá-lo no primeiro ano.

Mas apesar dos pesares, foi gratificante chegar ao final desse processo, ver o que construí, junto a meus colegas, no que diz respeito a São Paulo. Em suma, valeu a pena.

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